Existem alturas em que paramos para
pensar. Olhamos e em retrospetiva identificamos aquilo que tem corrido como
planeado e aquilo que nem por isso.
A vida é, como todos sabemos, uma
verdadeira caixa de surpresas. Tanto a abrimos e sai uma surpresa maravilhosa
como na vez seguinte desejamos nunca o ter voltado a fazer.
À parte disto existem assuntos
relativamente aos quais sempre pensei que nunca iria ceder. Princípios de
sobrevivência impreteríveis e fulcrais para o meu equilíbrio pessoal e
conjugal.
Três desses princípios sempre
foram:
- nada de televisão no quarto. Quando
há 3 anos e meio compramos casa ficou decidido que no quarto não existiria
televisão. Antes disso foram anos e anos com aquele cubo a ser ligado todos os
dias; tivesse eu dores de cabeça ou não, quisesse silêncio ou não – muito raras
eram as exceções a este hábito diário. Quando mudámos de casa acordámos que já
tínhamos televisões suficientes no resto da casa e portanto passaríamos bem sem
uma no quarto. Isto até um mês depois em que o meu marido começou a insistir
para essa primeira necessidade. Inflexível disse que não – tínhamos tomado uma
decisão e assim continuaria. No Inverno lançou mais uns trunfos de defesa na
compra. Depois de tanto o ouvir acabei por ceder com determinadas limitações; estabelecemos
por contrato verbal (acho que foi este o grande erro!) as condições de utilização.
Não são cumpridas mas o mal já está feito e não dá para voltar atrás;
- nada de Play Station. Disse durante
muito tempo que esta consola iria ser sempre acompanhada dos papéis de
divórcio. Já tinha um marido que era o cúmulo da preguiça, que não sabia estar
em canto ou esquina sem qualquer tecnologia em mãos e uma PS3 era coisa para me
deixar a panicar. Ajuda passaria a zero, atenção idem e paciência esgotada com muita brevidade. Durante anos
insistiu comigo e disse-lhe que não cederia. Até que chegou a aniversário dele,
surgir uma oportunidade de negócio, e lá o presenteei com a dita cuja – aquela
que seria a origem da discórdia entre o casal. E culpa minha porque ninguém me
mandou querer fazer-lhe a vontade;
- nada de gatos. Como já aqui
referi sempre sonhei ter um cão. Fiz uso de todas as minhas capacidades de
persuasão sem sucesso. Nunca tivemos um farrusco porque a verdade é que num
apartamento a logística seria muito complicada. Fui falando do assunto de forma
sonhadora (e um dia hei-de concretizar esse sonho) mas simultaneamente com o pé
atrás por saber que não reúno as melhores condições para o fazer. E sempre bati
o pé a dizer que gato também não haveria. Nunca fui especial admiradora de
gatos e nunca idealizei ter um – não me dizia absolutamente nada. Até ao dia em
que cedi e disse que traríamos uma gata para casa. Um animal que nunca quis ter
nem sequer era da minha predileção.
Moral da história:
Acho que esta coisa de que os
homens falam acerca de nos deixarem pensar que mandamos quando na realidade são
eles que mandam começa a ganhar forma aos meus olhos.
Fui eu que tomei ambas as
decisões e simultaneamente sempre disse que não as tomaria. Nunca!
No balanço concluo: sou uma
fraca, de coração mole, que não faz valer as suas opiniões. E as minhas
vontades? Acho que tenho um marido mentalmente perverso – dá-me a volta ao
cérebro e consegue tudo o que quer parecendo que a iniciativa foi minha.
Mas agora vou estar mais atenta…
(Quando te vier à ideia sequer começares a pensar que eu não te faço vontades faz favor vens ler este post!)
Na primeira faço um check e temos cumprido sempre.
ResponderEliminarNa segunda não faço, mas também nunca me opus, até porque ele tem horários trocados com os meus, de maneiras que pode jogar sempre que eu não esteja (e depois de estender a roupa..muahahah).
A terceira não faço questão por saber que apesar de adorar bichinhos de estimação não tenho a vontade de ter essa responsabilidade - só a parte das festinhas.
Nunca tinha ouvido dizer essa frase: que os homens é que mandam e nós pensamos que somos nós. Oiço-a sempre ao contrário. E acho-a verdadeira sempre que olho em volta. Acho que as coisas em que cedes é porque gostas de o mimar, mas em última instância a decisão foi tua e porque sabias que conseguirias lidar com isso :)
:))))))))
EliminarNão era para dizer a última parte! :PPPP
É muito melhor ele julgar que manda... sempre posso usar estes trunfos. :)
Mas, brincadeiras à parte, as tuas palavras não podiam ser mais certeiras - não fosses tu a Maria das Palavras. :)
Amiga, pela minha modesta experiência de vivência a dois (apesar de mais de uma dezena de anos de namoro, o facto é que o morar juntos apenas se cifra em seis anos), aqui fica o meu testemunho sobre as três situações por ti identificadas:
ResponderEliminar1- TV no quarto eu própria disse Nunca e eu própria a pedi anos mais tarde...
2- Play station eu própria a ofereci ao meu marido, há uns anos atrás, e ele não lhe passa cartão nenhum..
3- Animais dentro do apartamento, eu até cedo mas o meu marido é inflexível.
Como vês depende muito de casal para casal.. para haver divórcio é preciso muito mais... (loll)
Kiss
É casa um com os seus - é mesmo assim.
EliminarA verdade é que RP também não passa grande bola à PS mas eu não sabia que iria ser assim quando lha ofereci.
São aquelas coisas normais que acho que todos os casais vivem. E o que lhe dá piada.