Quando julgo que já toda a gente
viu a minha “nova” figura surpreendo-me ao encontrar alguém que afinal me tinha
visto apenas no “antes”.
Durante as férias isso aconteceu
com algumas pessoas e voltei a levar uns afagos no ego. Tive até uma pessoa que
me disse: S. estás mesmo magrinha!
Menos, muito menos! Mais magra
sim mas daí até magrinha – pensamento utópico. Dá sempre para ficar com aquele
sorriso estúpido e com uma força extra para continuar no caminho que quero.
Depois existem pessoas que, mesmo
sendo magras – logo, mais magras que eu -, devem começar a sentir uma espécie
de mau estar no cotovelo. E lançam aquele olhar de quem tira a ficha completa.
Acabam por perguntar com ar presunçoso acerca da forma como consegui a mudança.
A resposta é a mesma de sempre: alimentação e desporto. E do outro lado vem
aquele olhar de sim, sim, pois! Engana-me
que eu gosto.
E depois disto há conversa, que
ocorre com frequência, e que sempre começada pela outra pessoa mais ou menos
desta forma:
- Eu não quero emagrecer mas
queria assim… não sei explicar.
- Ficar com o corpo mais
definido?
- Sim, isso mesmo. Entendes-me!
- A única solução que estou a ver
é mesmo exercício físico. E alimentação cuidada e que promova o aumento da
massa muscular.
- Tu quando é que fases exercício?
- Vou quase todos os dias ao
ginásio antes do trabalho e quando posso dou umas corridas.
- Eu não tenho dinheiro para
ginásio.
(Geralmente este comentário vem
acompanhado de um olhar que nem sei adjetivar e começo logo a ferver por
dentro….)
- Felizmente não é obrigatório
pagar ginásio para fazer desporto. Ainda tens a vantagem de viver muito perto
da praia. Tens uma ótima marginal para caminhar ou correr; tens equipamentos de
exercícios ao longo da marginal se quiseres; e chegas a casa e podes fazer, por
exemplo, uns abdominais e agachamentos e está feito.
Regra geral é remédio santo para
a pessoa se remeter ao silêncio. Como se as minhas opções financeiras fossem
justificação para outra pessoa fazer ou não uma determinada escolha na sua
vida.
Depois há a questão do eu não
tenho tempo. Eu também não tinha. Noutros tempos passei anos a pagar ginásio
sem lá pôr os pés meses e meses. Neste momento é dos melhores investimentos
mensais que faço. Percebi que comprometer-me a ir ao ginásio ao final do dia
não era solução para mim. Um dia porque ficava no escritório até mais tarde,
outro por causa do jantar, outro por causa da roupa, outro para fazer compras,
outro porque tinha de ir aos meus pais, outro por outro motivo qualquer. Os
dias iam passando e (pelo menos no meu caso) quando começo a deixar de ir ao
ginásio é muito fácil simplesmente esquecer-me dele. O facto de ir de manhã simplesmente
não interfere com todas as tarefas que tenho de conciliar ao longo do dia. E
essa é a minha solução atual.
Quanto a esta dúvida, que sinto
em algumas pessoas, relativamente à forma como estou a emagrecer, faz-me rir.
Porque esperam facilitismos ou então justificações inalcançáveis para o mais
comum dos mortais. É sempre mais fácil dizer “ela só conseguiu porque
_______________.” (preencher a gosto mas geralmente é: se entope de
medicamentos; fez cirurgias; não come; tem dinheiro para massagens e cremes e…;
….).
Aqui não há desculpa – digo eu,
especialista veterana em arranjar desculpas para deixar de fazer estas coisas –
porque toda a gente tem uma estrada para correr ou caminhar; toda a gente tem
um chão para uns abdominais, agachamentos, o que for.
Muitos anos neguei a mim mesma a
obrigação de tomar conta de mim com base nestas desculpas esfarrapadas. O facto
de ter ortopedistas que me diziam que não podia sentir dor na prática de
desporto era um ótimo bode expiatório para trocar os ténis pelo sofá.
Comecei com as corridas em
Setembro de 2013 e inscrevi-me no ginásio em Janeiro de 2014. Nunca tive tão
poucas dores de costas e joelhos como agora. Por outro lado tenho muitas dores
musculares – como agora que até me custa teclar! –, mas é das melhores
sensações que podem existir. Não posso esquecer a felicidade e melhor relação
como própria que me trouxe esta mudança.
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