Pessoalmente
penso que atualmente as crianças são demasiado precoces no uso de tecnologias e
conhecimento de determinados assuntos, nomeadamente no que a sexo diz respeito.
A mim
parece-me que já não sabem saltar à corda, correr, jogar às escondidinhas, ao
lenço… Nos dias de hoje saltam à corda mas numa consola, correm, lutam,
escondem-se numa consola. Até animais de estimação têm nas consolas. Isto como
se fosse substituível o contacto físico entre pessoas e com animais e até com
as próprias coisas.
Sei que
os tempos são outros. Sei que as coisas não são como no meu tempo (e nesta
altura cai sobre mim uma crise de idade!) e em certos aspetos sinto-me uma
verdadeira sortuda.
Desde
miúda sempre vi os médicos, advogados, engenheiros e terem algum reconhecimento
adicional pelo seu trabalho. Gestão era trabalho de homem e contabilista
sinceramente nem ouvia falar grande coisa.
Cresci e
quando foi altura de escolher o Curso em que me iria licenciar sabia
perfeitamente que a minha mãe gostava que fosse médica ou enfermeira, mas o que
é facto é que tanto mãe como pai sempre me disseram que a escolha era
totalmente minha. Escolhia o que gostasse, o que quisesse e independentemente
das preferências deles não iam influenciar a minha decisão. E assim foi,
disseram e cumpriram!
E pensava
que a regra era esta. Sim, como em tudo existiam exceções mas apenas para
confirmar a regra.
Isto até
que me começo a aperceber em reportagens do telejornal, em conversas com
miúdos, a preocupação que apresentam com a crise, com o dinheiro, (para mim,)
com uma série de coisas nas quais ainda não deviam pensar, apesar de
compreender que isso aconteça.
Mas no
meio desta história toda a minha maior surpresa foi receber um estagiário que
me disse que frequentou um curso profissional de ciências e tecnologias, mas
agora quer tirar a licenciatura em contabilidade. Porquê? Porque para garantir
trabalho tem de ir trabalhar na empresa dos pais. A ideia é colmatar uma
necessidade e tratar da contabilidade. Para mim, esta não é a vontade deste
jovem de cerca de 19 anos. Esta é a escolha, a necessidade, de quem atinge a
idade adulta no auge de uma crise, numa fase em que as dificuldades são mais
que muitas e os pais não conseguem deixar de se preocupar e passar essa
preocupação para os filhos, relativamente à penhora do seu futuro.
Acho que têm
demasiadas preocupações e o futuro não se adivinha risonho. Porque estar todos
os dias a fazer uma coisa de que não gostamos é das piores coisas que acho que
pode acontecer. Resta-me apenas tornar esta experiência o mais agradável (ou
suportável) possível para o jovem em questão.
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