O exemplo é este blog. Quase três anos sem qualquer
publicação e foi necessário quase um mês em casa para sentir que devia voltar a
fazê-lo.
Estes últimos anos da minha vida tiveram um ritmo alucinante
e só o abrandamento agora imposto me faz olhar para tudo com outros olhos, me
faz repensar a forma como tenho vivido, e me faz voltar a dar atenção a
prazeres esquecidos – talvez seja esse o verdadeiro objectivo.
Sobretudo os dois últimos anos foram tão insignificantes em
termos pessoais que até dá vontade de rir (ou chorar) só de relembra-los. Qual
avestruz com a cabeça enfiada num areal de papéis – trabalho à semana no
horário mais esticado possível, ao fim de semana, na hora de dormir, ao
acordar,… trabalho, trabalho, trabalho, e mais trabalho.
Fazendo uma introspecção o meu isolamento social começou
muito tempo antes do COVID-19. A dedicação quase exclusiva ao trabalho e o
cansaço que daí adveio, com outras coisas à mistura, fizeram com que me
afastasse de muitas coisas que gosto e sobretudo de muitas pessoas que gosto.
Por isso creio que são ventos de mudança – ventos muito
fortes que vão alterar a ordem de tudo, que vão emaranhar todas as prioridades
e tudo o que tínhamos por garantido, que vão atirar-nos ao chão com tudo. Mas também
creio que poderemos levantar-nos pessoas melhores, com as prioridades certas,
com a relativização que a vida impõe, e
a olharmos mais e melhor pelos outros e por nós.
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