Li em vários blogues, ouvi várias opiniões… os gordos são
uns preguiçosos!
Não querem fazer nada e não fazem nada porque não querem
(perdão pela redundância)!
E eu revoltava-me, apetecia-me gritar às pessoas o que é que
elas sabiam? Já tinham passado por isso?
Sinto-me no direito de falar sobre a obesidade porque a vivo
na primeira pessoa. E digo que são diversos os motivos que levam a este fim.
No meu caso foi falta de disciplina alimentar associada à
compensação que faço face aos problemas, stress,…
Nos tempos da faculdade lembro-me de ir ao McDonalds e comer
2 hambúrgueres enquanto as outras pessoas todas comiam 1 e achava normal porque
eu era maior, porque já não comia há muitas horas, porque ainda tinha uma longa
noite pela frente.
Lembro-me de o meu irmão (e acredito, muitas mais pessoas)
ficar pasmado com a quantidade de pizza que era capaz de aviar numa refeição…
durante anos falou-me desse acontecimento.
Mas o que é que as pessoas sabiam? Trabalhava de dia,
estudava à noite, tinha problemas… com a família, com o namorido, com o
trabalho,… E achava que tudo isso justificava o facto de comer exageradamente.
Havia milhares de pessoas na mesma situação que eu? Havia, mas para mim era
justo compensar tudo isso com a comida.
Hoje nem eu compreendo como comia tudo o que comia!
Depois deixou de ser tanto a quantidade e passou a ser mais
a frequência. Quando me enervava no trabalho ia um croissant, um chocolate, ou
as duas coisas (porque não)!
Ouvia coisas com que não concordava ou achava injustas e
calava. Sentia que o tratamento que tinha por alguém não era o correto e nada
como uma pizza ou um bolinho para calcetar bem assunto.
Guardava tudo dentro de mim, ouvia e nada dizia, e com
aqueles pãezinhos com manteiga disponíveis na confeitaria por baixo do
escritório que eu adorava, esquecia… pelo menos momentaneamente.
E já me estou a desviar muito do assunto…
Preguiça porquê?
A revolta que sentia quando ouvia chamarem-me (não a mim
especificamente, mas servia-me o carapuço) preguiçosa foi substituída por
compreensão.
Há dias a falar com o RP (depois de um treino) disse-lhe:
Lembraste da quantidade de vezes que ficamos em casa, sentados no sofá a ver
televisão até termos fome, comermos como alardos e voltarmos para o sofá?
Hoje, acabamos de correr, estamos todos rotos, mas ficas
mais satisfeito assim, ou se tivesses ficado em casa?
Chegamos à conclusão que mais vale estarmos cansados e
satisfeitos, do que descansados e frustrados.
Sim, fui preguiçosa muitas vezes e com certeza vou ser mais
algumas. Apenas não quero que seja o hábito, mas sim a exceção. Quero deixar de
ser fraca e fazer por mim o que mais ninguém pode fazer.
E quando me sentir desmoralizar tenho de vir aqui recordar
os sentimentos da altura em que escrevi estas linhas.
Comentários
Enviar um comentário