Hoje foi o dia – A primeira vez do Cycle

AVISO: Este post é uma seca. Se a paciência do leitor não estiver num bom nível aconselho ao adiamento da sua leitura. Avisei! Depois não se queixem!

Desde que me inscrevi no ginásio e constatei que no plano de aulas existiam aulas de cycle pela manhãzinha (7:15) fiquei com o assunto debaixo de olho. Comentei com o meu marido que era porreiro ir às terças e quintas a cycle e nos outros dias fazer cardio e musculação.

Mas antes de tudo isso senti necessidade de ganhar alguma preparação física. O tempo foi passando, lembrei-me inúmeras vezes das aulas de cycle, mas fui adiando a experiência. Soube entretanto que esta aula tinha muitas vezes a lotação esgotada e pronto… também não queria ocupar o lugar de ninguém que já tivesse o hábito de a frequentar.

Até ontem… porque decidi que hoje seria o dia em que iria experimentar a aula. E obviamente só podia dar em comédia. 

Primeiro controlei muito bem as horas para não chegar lá depois do início da aula. Fui no caminho a alternar entre a imensa vontade de experimentar e a esperança de não haver senha e por isso ter de adiar. Ridícula, eu sei! Mas fazer o quê?

Quando cheguei perguntei se ainda havia senhas. Sim foi a resposta. Caneco! E aproveitei para perguntar se achava que podia experimentar. (Diz que não! Diz que não!) Sim! Pumba, toma lá que é para aprenderes.

Tinha mesmo chegado a altura de me meter nesta. Enfrentar o touro pelos cornos. Dirigi-me ao estúdio onde a aula decorreria e fui logo para a bike mais escondida. Ao canto, ao fundo, para me camuflar o máximo possível. Estava lá uma garrafa de água! WHATTT??? Não pode ser! Quem é que marca lugares??? Que raio? Tive de optar por 3 equipamentos ao lado: última fila e mesmo em frente ao professor (só reparei neste pormenor depois da aula começar? Toina!).

Olhei para o objeto estranho onde iria alapar-me e aquilo era só manípulos… ooookkkkk… Começo a tentar mexer naquilo – não sei bem para fazer o quê! – e nada! Entretanto chega o destruidor de sonhos – aquele que ocupou o meu oásis de assento ao fundo no cantinho do estúdio. Decidi encostar-me enquanto decidia que tipo de guerra iria travar com a bicicleta… Olhei para ela como quem se depara com um objeto estranho enquanto tento compreende-la (já percebo o que os homens sentem quando os confundimos!). E pronto a sombra da dúvida apoderou-se do momento: O que é que estava ali a fazer????? Porque é que não me deixei naquela que já é a segurança da sala de cardio e musculação? Que figurinha…

Comecei a considerar a hipótese de ir embora, a imaginar que ainda me iria estatelar no chão e mais um sem número de filmes – todos eles estúpidos e de ridicularização própria. Mas antes de poder tomar medidas chegam os restantes colegas e professor. E aqui tenho de elogiar o professor. Podia marimbar-se e nem querer saber. Mas dirigiu-se a mim, apresentou-se e explicou-me tintim por tintim a forma como defino a altura do selim, do guiador, da carga, tudo! Apetecia-me dar-lhe um beijo nos pés para agradecer – fiquei-me pelo “obrigada pela ajuda”! A sério! Facilitou-me a vida de uma forma que não faz ideia. Para além de não me ter ignorado pelo facto de ser gorda como tantas vezes já me aconteceu. Ganhou o meu respeito.

Posto isto, depois deste filme (de terror ou comédia – ainda não decidi!), foi altura de dar ao pedal. Concentro-me na coisa e ao fim de 5 minutos penso: isto não vai custar muito – ainda nem estou a suar! Não suei até ao 5 minutos e meio porque depois, meus caros, só me apetecia mandar fechar a torneira porque não parava de pingar. Acho que nunca transpirei tanto num treino. Até as pontas do cabelo ficaram a pingar. Não me parecia normal mas só pensava: é isso… queima-me essa banha!

E estava bem na minha vidinha até que o professor diz: S.!

Eu: (O quê? O quê? Alguém me chamou?)

Professor: S.!

Eu: (Oi! Está a proferir o meu nome alto e bom som em frente à malta toda!? Ai que vergonha.) (Olho para a frente…)

Professor: Relaxa os ombros. Estás com muita tensão. Amanhã estás toda dorida. Baixa e relaxa os ombros.

Eu: (A sério? Nem tinha reparado! Relaxo os ombros e o alívio é instantâneo. Aaaaaah! Sim senhor! Já percebi! )

Fiquei ali a balançar entre a gratidão pela correção e a vergonha. Fui a única “corrigida” na aula toda…

Aproveitou e ainda me chamou uma ou duas vezes para ma dar indicações. Sim, porque eu só olhava para o chão. Só queria que aumentasse a carga… já suava em bica e ele ainda queria que puxasse mais pelo cabedal. Bonito!

E assim se passou...

Os alongamentos são a minha praia e fi-los direitinhos! Oh yeah… E ainda consegui faze-los sem me atirar para o chão e depois ir de gatas para o balneário. Que orgulho em mim!

À saída o professor, que se encontrava à porta para se despedir dos alunos, disse-me: Bom trabalho S.! Para primeira aula foi muito bom!

E eu: Obrigada! Bom fim-de-semana! (Obrigada pá! Mesmo! Gostei muito da aula – parabéns a ti!)

Vou voltar, está decidido! Gostei da aula, da postura do professor, da exigência física e de variar no tipo de treino.

Quando regressei a casa e vi como tinha a tshirt ainda gostei mais… acho que nunca suei tanto num treino. QUEIMA A BANHA S.! É a satisfação total.

Não sei se dá para perceber mas os ombros estão encharcados! Sim, puro exibicionismo! Mas suei como um animal por isso mereço!